Invasão

Quadrinhos brasileiros desembarcam na África

Depois de evento em Moçambique, Exposição itinerante da Bienal de Quadrinhos de Curitiba chega a Angola e promove palestra e oficina em Luanda.

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Marcelo D’Salete, vencedor do Troféu HQ Mix de “Melhor Edição Especial Nacional” e do prêmio Jabuti de “Melhor História em Quadrinhos” por seu romance gráfico “Angola Janga” (Veneta) continua sua viagem pela África. Depois de visitar Maputo, em Moçambique, em maio, o artista está em Luanda, Angola, para uma série de eventos.

De 27 de junho a 11 de agosto, o quadrinista realiza exposição de “Angola Janga”, além de suas outras obras “Noite Luz”, “Encruzilhada” e “Cumbe” (vencedora do prêmio Eisner 2018). Entre os dias 24 e 27 de julho, D’Salete promove palestras, debates e uma oficina sobre “narrativas negras em quadrinhos”. As atividades fazem parte do projeto Brasil em Quadrinhos, parceria da Bienal de Quadrinhos de Curitiba com o Itamaraty.

O encontro da obra de D’Salete com a população de Angola tem um significado profundo e uma representatividade poderosa. “Angola Janga” é uma graphic novel cuja trama retrata as últimas décadas do maior mocambo da nossa história: Palmares. A narrativa se ambienta no século XVII e reproduz com vivacidade os processos de resistência dos negros escravizados e quilombolas contra a brutalidade da violência colonial. O livro é fruto de 11 anos de pesquisa. Angola janga, termo proveniente do quimbundu, significa “pequena Angola”, e era usado para designar a região que englobava Palmares e outros mocambos, localizados na Serra da Barriga, hoje pertencente ao estado de Alagoas. “Recontar essas narrativas hoje possibilita repensar nossa história e identidades”, diz D’Salete.

Com a ideia de promover encontros e despertar o interesse por esses temas em comum entre o Brasil e seu irmão africano, os assistentes de montagem da exposição realizaram um programa de capacitação para receber o público visitante no Centro Cultural do Brasil em Angola.

 

Sobre a Bienal de Quadrinhos de Curitiba

Formação, divulgação, reconhecimento, acolhimento, troca. Estes são alguns dos pilares da Bienal de Quadrinhos de Curitiba.

Se a edição número 0, em 2011, serviu para comprovar que um evento de quadrinhos, e pelos quadrinhos, se fazia necessário, a de número 1, em 2012, comemorou os 30 anos da Gibiteca de Curitiba com mais de 100 convidados nacionais. O sucesso foi legitimado: em 2013, a Gibicon venceu os dois principais prêmios nacionais de quadrinhos: o Troféu Ângelo Agostini e o Troféu HQMIX.

Consolidada, a Gibicon n.º expandiu horizontes. Para isso, foi fundamental a concentração das atividades no MUMA – Museu Municipal de Arte – Portão Cultural, casa da Bienal até hoje.

Em 2016, mudanças: a Gibicon passou a se chamar oficialmente Bienal de Quadrinhos de Curitiba. O conceito e a estrutura do evento também foram revistos. Entre as novidades, o Palco Ocupa, espaço aberto para debates sobre quadrinhos, atualidade, música e performances. Outra novidade foi a Bienal Publica, projeto em que novos talentos de todo o Brasil publicaram seus trabalhos em quadrinhos, de forma gratuita.

Com mais de 60 artistas convidados, como Gidalti Jr., autor de “Castanha do Pará”, primeira obra ganhadora da categoria História em Quadrinhos do Prêmio Jabuti, e Marcelo D'Salete, vencedor do prêmio Eisner com sua obra “Cumbe/ Angola Janga”, a Bienal de Quadrinhos 2018 aconteceu novamente no MUMA. Com o tema “Cidade em Quadrinhos”, o evento utilizou produtivamente diversos espaços de Curitiba, públicos e privados, por sua vez retratados por artistas que entendem que podemos transformar positivamente o lugar em que vivemos.

Com um passado de sucesso e um futuro promissor, a Bienal de Quadrinhos de Curitiba segue sua jornada consolidada de formação e de representatividade artística.

 


SERVIÇO

Marcelo D’Salete – Exposição “Angola Janga”/ “Cumbe”/ “Noite Luz”/ “Encruzilhada”- Abertura: 27 de junho (para convidados)
Local: CCBA – Centro Cultural do Brasil em Angola (R. Cerveira Pereira, 19) - Luanda, Angola
Visitação: segunda a sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 11h às 18h
Palestras, debates e oficinas entre 24 e 28 de junho até 11 de agosto

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